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terça-feira, 16 julho 2019 14:10

A respeito de um artigo sobre prevenção primária da doença cardiovascular

2019 ACC/AHA Guideline on the Primary Prevention of Cardiovascular Disease

Enquanto se aguardam as novas guidelines europeias para o tratamento da dislipidemia previsivelmente para Agosto no Congresso Europeu de Cardiologia, chamamos a atenção para um artigo publicado no American College of Cardiology em Março deste ano sobre a prevenção primária da doença cardiovascular.

Alguns pontos que nos mereceram particular atenção:

1 – Na prevenção primária a avaliação do risco global é fundamental. Nos indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos é aconselhável avaliar os factores de risco tradicionais cada 4 a 6 anos de forma a optimizar as medidas de estilo de vida como dieta, e exercício físico, e ponderar eventual terapêutica farmacológica. Nestes indivíduos, ou nos que têm idade entre os 40 e 59 anos sem risco CV elevado (≥ 7,5% aos 10 anos), pode-se estimar o risco aos 30 anos.

2 – Os critérios para iniciar ou intensificar a terapêutica com estatinas nos indivíduos com risco de DCV borderline (> 5 to <7.5%) ou intermédio (≥7.5 to <20%) aos 10 anos,  são: história familiar de DCV prematura (< 55 nos homens e < 65 nas mulheres), C-LDL  ≥ 160 mg /dl ou C-nãoHDL ≥ 190 mg/dl, DRC (TFG < 60 mg/ml), síndrome metabólica, pré-eclampsia ou menopausa prematura, doenças inflamatórias / auto-imunes, HIV, triglicerídeos ≥ 175 mg/dl, Lp(a) ≥ 50 mg/dl, PCR ≥ 2 mg/L, apoB > 130 mg/dl, e IPB < 0,9. Nos casos em que permaneça alguma dúvida em relação à indicação da terapêutica farmacológica, (apesar da avaliação dos anteriores factores / marcadores de risco), deverá realizar-se o score de cálcio coronário. Indivíduos com idade entre os 20 e os 75 anos e C-LDL ≥ 190 mg/dl, preconiza-se estatina de alta potência. Nos indivíduos com diabetes, com idades entre os 40 e os 75 anos e sem outros factores de risco, usar estatinas de moderada potência

3 – Relativamente à diabetes, para além das medidas higieno-dietéticas, com particular recomendação à dieta DASH, a metformina continua a ser o fármaco de primeira linha mas começa a chamar-se a atenção para a obtenção de bons resultados em termos de morbi/mortalidade cardiovascular de dois grupos de fármacos – os inibidores da SGLT2 e dos agonistas do GLP-1.

Quanto ás guidelines europeias no congresso europeu de aterosclerose pouco foi acrescentado; parece confirmar-se a categoria de risco extremo (doença vascular recidivante apesar de atingidos os alvos do C-LDL, HFh, etc), assim como a valorização do C-nãoHDL e da apoB como alvos terapêuticos. O score irá ser recalibrado para incluir indivíduos com idade até aos 70 anos.

Vamos aguardar pela sua apresentação no mês de agosto.

Pereira de Moura e Luciana Couto