As Doenças Cardiovasculares (DCV) principalmente a doença cardíaca isquémica e a doença vascular cerebral, são as principais causas de mortalidade global e de incapacidade.
Este artigo revê a magnitude da carga total da DCV e FR de 1990-2019, em 204 países e territórios, incluindo 13 causas subjacentes de morte CV e 9 fatores de risco (FR), usando estimativas do GBD Study 2019. Analisa o impacto do crescimento e do envelhecimento populacional mundiais nas tendências observadas, nas diferenças de géneros, nos padrões regionais e na epidemiologia da DCV que está a mudar.
DESTAQUES
- A carga da DCV, em número de DALYs e mortes, continua a aumentar globalmente
- A carga da DCV atribuída a FR modificáveis continua a aumentar globalmente, com uma ordenação decrescente: elevação da PA sistólica, riscos dietéticos, elevação do colesterol-LDL, poluição aérea, aumento do índice da massa corporal, tabagismo, elevação da glicemia e disfunção renal.
- Estes resultados confirmam a doença vascular aterosclerótica e hipertensiva como os principais alvos fisiopatológicos da DCV
- É necessário implementar mais e melhores programas de saúde pública e intervenções clínicas, tendo como alvo principal os FR modificáveis mencionados no ponto anterior e aumentar a consciencialização da sociedade civil para a necessidade de uma saúde CV saudável
A investigação da carga da doença tem sido pouco desenvolvida em Portugal, mas alguns estudos têm contribuído para enriquecer a base de evidências e os debates sobre o modo de aumentar a saúde, particularmente importante quando se vive num contexto de pandemia COVID-19 e de recessão económica mundial, que vai obrigar a compromissos renovados para atingir a meta da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e conseguir uma redução de 30% na mortalidade prematura devida a doenças não transmissíveis até 2030.
JACC STATE-OF-THE-ART REVIEW
Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risk Factors, 1990–2019
Update From the GBD 2019 Study- J Am Coll Cardiol 2020;76:2982–3021
Comentário de Dr. Alberto Mello e Silva