O problema da segurança esteve sempre presente e apesar de não haver qualquer sinal que aponte para algum risco especial, a comunidade não deixou de manter alguma prudência.

Após uma breve revisão, acompanhada por uma figura ilustrativa, sobre a genética da hipolipemia, os autores revêm as subanálises dos estudos de terapêutica hipolipidica, nas quais se analisam o efeito positivo e eventualmente negativo de uma redução de colesterol daquela magnitude.

Nenhum sinal de preocupação surgiu nesta análise, sendo apenas de realçar, numa pool  de 14 estudos com alirocumab , uma maior incidência de cataratas e no conhecido JUPITER, um aumento nos casos reportados de diabetes.

Realçando que a informação sobre valores de col-LDL < 15 mg/dL é muito escassa, os autores descrevem numa figura feliz os efeitos benéficos e maléficos de um valor de col-LDL < 30 mg/dL, deixando claro que apesar do esperado, há ainda espaço para prolongar a investigação de modo a tapar o hiato na evidência nesta população de doentes.

Para terminar os autores deixam uma dúvida no ar, a propósito da eficácia dos fármacos hipolipemiantes que atuam por uma via não LDL, dizendo que mais estudos são necessários para esclarecer, bem como estudos de seguimento que permitam esclarecer a real eficácia de valores muito baixos de col-LDL, não ordem dos 15 mg/dL.

How low is safe? The frontier of very low (< 30 mg/dL) LDL cholesterol

Angelos D. Karagiannism, et al. European Heart Journal (2021)

doi: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehaa1080

Comentário de Prof. Doutor João Morais