Congresso do American College of Cardiology com novidades em dislipidemia


publicado em Notícias

26/04/2017


O Dr. Diogo Cruz foi um dos portugueses presentes no congresso anual do American College of Cardiology (ACC 2017), que decorreu entre os dias 17 e 19 de março, em Washington, nos Estados Unidos da América. O médico partilha agora as principais novidades na área da Aterosclerose apresentadas e discutidas neste importante evento internacional.

Para o Dr. Diogo Cruz, internista do Centro Hospitalar Lisboa Norte, o congresso foi “extremamente rico em novidades na área da aterosclerose”. Relativamente à dislipidemia, o médico afirma que o evento deu a conhecer “três grandes ensaios de eficácia e segurança que, provavelmente, vão mudar a forma como abordamos os doentes de muito alto risco cardiovascular no futuro próximo”, nomeadamente os relativos aos recentes inibidores da PCSK9.

O ensaio clínico SPIRE comparou o efeito do fármaco bococizumab associado a estatina. Embora este estudo tenha, entretanto, sido abandonado pelo seu promotor, a comunidade médica presente no ACC 2017 teve acesso a alguns dados reveladores, nomeadamente os referentes ao SPIRE-2, com LDL-c superior a 100mg/dl na aleatorização. “Apesar de precocemente interrompido, os resultados deste ensaio são positivos. Há uma redução de risco de 21% no braço do bococizumab mas, apesar de tudo, devido a uma variabilidade de resposta interindividual, o fármaco terá sido descontinuado”, aponta o Dr. Diogo Cruz.

Já o ensaio clínico FOURIER – “The Further Cardiovascular Outcomes Research with PCSK9 Inhibition in Subjects With Elevated Risk”, que analisou o efeito de evolocumab, era o “mais aguardado” pela comunidade científica presente no ACC 2017. Este ensaio veio comprovar que evolocumab reduz o risco de eventos cardiovasculares, enfarte e acidente vascular cerebral em doentes de muito alto risco e que tenham dislipidemia apesar de medicados com estatina. De acordo com o Dr. Diogo Cruz, esta foi “a primeira vez que se conseguiu atingir um valor de LDL-c inferior a 50mg/dl, tendo no braço do estudo uma média de 30mg/dl, tendo sido atingida “uma redução de risco relativo de 15% no endpoint primário e de 20% no endpoint secundário”. Mais importante para o nosso País, demonstrou uma redução de risco de 21% de Acidente Vascular Cerebral. Para o especialista, esta é seguramente uma “nova arma terapêutica para a aterosclerose, já aprovada internacionalmente.

No ACC 2017 foi também apresentado um estudo decorrido em paralelo com o FOURIER, o EBBINGHAUS que procurou demonstrar se nos doentes com baixos valores de colesterol LDL existem alterações cognitivas. “De facto, com valores de LDL-C médio de 30mg/dl e com dois anos de seguimento, concluiu-se que não se registou nenhuma deterioração cognitiva, secundaria aos fármacos ou aos valores baixos de LDL-c”, refere o médico.

Houve ainda espaço para a apresentação do ensaio CARAT com uma nova molécula , um pró mimetico beta do HDL-c, testado se a sua administração, reduza a placa de aterosclerose coronária. Contudo, os resultados não foram positivos, à semelhança de outros ensaios já realizados nesta área. No entanto, para o Dr. Diogo cruz, “é de louvar a aposta na investigação nesta área”.